Podemos parar um momento e simplesmente celebrar a beleza dessa capa? Tanto a Jacket (à esquerda) quanto à capa (à direita) me conquistaram de cara, mas não foi exatamente uma daquelas compras impulsivas pela capa que me levou a esta leitura.
Isto porque eu a recebi em uma caixa por assinatura gringa que tinha uma premissa genial: a de enviar lançamentos de literatura contemporânea recheados de post-its com notas do próprio autor, além de complementar o kit com objetos pertinentes à história e duas outras sugestões de leitura que se relacionam ou com o livro principal, ou com as histórias que movem aquele autor em particular.
Depois de perder o melhor amigo, também escritor, nossa protagonista se vê diante de uma herança um tanto quanto inesperada: acaba “herdando” o seu cachorro, um singelo Dogue Alemão. Gigantesco, mas nem um pouco ciente do seu tamanho absurdo perante sua nova dona, Apollo vai se acomodando à sua vida e os dois, claro, tornam-se inseparáveis.
Misturando essa nova realidade, com muitas reflexões sobre escrita criativa e tentativas turvas de lidar com a morte do seu amigo, temos em nossas mãos uma história intensa, que trabalha no limiar entre o realismo e o absurdo. Muito coerente, portanto, com como a vida realmente é.
Talvez as digressões que a autora faz, ao comentar livros específicos e teses acerca da arte da escrita passem um pouco do ponto; mas são tão interessantes para quem gosta do assunto que não chega a ser um grave problema.
O livro guarda uma surpresa, que não irei revelar de forma alguma, mas que, para mim, enriqueceu ainda mais a experiência de leitura. É algo que, mesmo que em algum momento tenha passado pela cabeça do leitor, certamente ficou esquecido pelo caminho, de tão envolvido que estamos na história. Então acredite em mim: você não quer perder essa história por nada.
“The friend” já saiu no Brasil, sob o título “O amigo“, publicado pela Editora Instante!